2 de fev. de 2010

Almoço garantido

Os meninos sobem pela porta de trás do ônibus. Em segundos sua algazarra domina o ambiente. Ao olhar para o fundo, todos já estão sentados, cantando e conversando alto. Carregam sacos com frutas e verduras, recém recolhidos da feira. Um dos garotos, de cerca de 11 anos, fica em pé, ergue e analisa o saco rosado com frutas, como se fosse um troféu. Depois olha para o que está na outra mão, um plástico mais escuro, entre o verde e o azul, com várias verduras.

Ele solta um sorriso que julgamos não mais ver no rosto daquelas crianças. Aberto, sincero, puro, que ilumina completamente a face. Cada um conta o quanto conseguiu pegar. Ouvir outro som que não seja o deles é impossível, falam um mais alto que o outro. Começam a cantar raps que se assemelham às desgraças de seu cotidiano. Com a mesma rapidez que subiram, descem e silenciam o ambiente. Atravessam a rua e levam suas conquistas para debaixo do viaduto. É o momento mais alegre do dia por ali. O almoço de hoje está garantido.