7 de nov. de 2010

Poesia

Poderia escrever palavras ásperas
Frases atravessadas
Onde pudesses ver e refletir sobre o presente
Mas ama demais para ferir

A acidez das letras misturadas,
Sejam escritas ou pronunciadas,
Só abririam cortes semicicatrizados
E fariam novas marcas

Então opta pela paciência
A machucar por não ter o que quer
Dando passos desencontrados,
Desengonçados,
Vai caminhando, enquanto espera

As trincheiras se fecham cada vez mais
O caminho para a união vai ficando restrito
A alternativa que resta
É manterem-se amigos

Chegou a ter um "puxadinho" em seu coração
Hoje foi transferido ao porão
Guardado num baú de boas lembranças
Que pode ser aberto, em algum momento,
Quando se precisar de novas esperanças

E tão perto, tão longe,
Raramente se veem, não se tocam
Fica o olhar do cão para o frango de padaria
Da doméstica para a vitrine da joalheria

O lutador sai do ringue
Perdeu o round, mas não a luta
Olha para as mãos, ensanguentadas,
Por tanto empenho em aparente vã disputa

Não desiste
Cuida da semente que plantou
Regando-a, com todo o carinho,
Desde o dia que a encontrou

A plantinha está bonita
Porém impedida de crescer
Embora não colha os frutos
Jamais vai deixa-la morrer

Pela bifurcação seguem
Na vida desenfreada
Tentando encontrar um retorno
Que os una na mesma estrada