4 de mar. de 2008

Despedida

Passava de 1 da manhã. Corajosa, enfrentava o frio da madrugada para dar adeus ao filho. Vestia apenas um casaco fino, bem velhinho, e uma minissaia, que não escondia o tremor das pernas franzinas. Seu rosto surrado, marcado pelo tempo, ganhou feições doces, como só as mães conseguem fazer. Não desgrudava os olhos cheios de ternura do filho, que subia no ônibus.

Levava às mãos à boca e jogava beijos ao filho que partia. Ele muito provavelmente sabia o quanto era querido, e talvez tenha sido tomado por um aperto no peito, uma vontade louca de descer e abraçá-la mais uma vez, dizendo "Mãe, não chora, eu te amo muito. Volto correndo, logo, logo, e quero ver a senhora bem, pra ganhar outro abraço gostoso. Fica com Deus". Ou então não diria nada, apenas sentiria o quanto é bom ter o amor mais puro do mundo, o de mãe e filho.

Ele era a maior riqueza da vida dessa mulher humilde, vivida, que há tempos parece ter perdido a vaidade - seus cabelos emaranhados, cobrindo o pescoço, e a ausência de maquiagem demonstravam isso.

O ônibus parte, levando seu filho para outro Estado. A franzina senhora caminha sozinha para casa, tiritando de frio, mas com um misto de orgulho, satisfação e saudade no rosto. Cumpriu com êxito a tarefa de todas as mães: criar, com muito amor, um filho pro mundo.

2 comentários:

Jonathan Pereira disse...

Essa história aconteceu na rodoviária de Peruíbe, em 14 de fevereiro de 2007, quando ia para Curitiba. Observei do ônibus essa cena e a escrevi na hora, para um dia poder compartilhá-la.

Carlos Gustavo Yoda disse...

salve, jonathan.. vamos juntos reverberando o E bá, bá, bá.. abreijo, yoda..

http://caderno2pontozero.blogspot.com